Ninja Gaiden, para a Xbox original, catapultou Tomonobu Itagaki para a fama e tornou-o um dos criadores mais respeitados (pelo menos a nível profissional). O jogo de acção revolucionou o género, uma vez que apresentava uma jogabilidade incrível, fazendo com que qualquer espectador ficasse de queixo caído com as proezas do famoso ninja Ryu Hayabusa. Ninja Gaiden tornou-se um jogo de culto, não pelo seu enredo, mas pela sua jogabilidade inigualável. Considerado um dos melhores jogos de sempre da Xbox original, Ninja Gaiden renasce repleto de novidades na sucessora desta consola, sob a forma de Ninja Gaiden II para a Xbox 360.
Há muito tempo atrás, através da essência do ódio, nasceram os Archfiends (criaturas malignas), que dominaram o mundo. Quando a esperança pareceu desvanecer-se, eis que emergiram os Dragons (dragões), declarando guerra aos Archfiends. Depois de inúmeras batalhas, os Archfiends foram derrotados e enterrados pelos Dragons para o fundo do solo, mantendo-os longe da superfície para sempre. Com o tempo, os Dragons acabaram por se extinguir surgindo, no entanto, uma liga de seguidores, a Dragon's Lineage, da qual a valentia, força e protecção foram reencarnados no único clã sobrevivente: Hayabusa Ninja Clan. Este localizava-se numa aldeia (Hayabusa Village) nas montanhas do Japão, cheia de preciosos artefactos vitais na luta contra o mal.
Entre muitos outros tesouros, a Dragon Sword (espada do dragão) é considerada uma das mais poderosas armas da existência, atingindo o seu verdadeiro poder supremo quando reunida com o lendário Eye of the Dragon (olho do dragão). Contudo, o artefacto mais perigoso e mortal é a Demon Statue (estátua do demónio). É esta estátua que mantém o Archfiend e os seus quatro Greater Fiends presos nas profundezas do subsolo. É com o roubo desta estátua que tem início a história de Ninja Gaiden II.
Depois de ter salvado uma agente da CIA do clã Black Spider Ninja (chamada Sonia, e cujo busto ameaça a lei da gravidade), Ryu parte em busca de Genshin, líder do clã, e Elizébet, rainha dos Greater Fiends, que quase matou o seu pai (Joe Hayabusa), e que roubou a Demon Satue.
Parece uma boa base para uma história com sucesso, certo? Mas não. A jornada de Ryu não é emotiva, nem envolvente. As agendas e diários caídos que podemos encontrar junto aos cadáveres do clã de Ryu, sempre são mais interessantes. A relação wannabe de amor existente entre Ryu e Sonia é constantemente interrompida por boss atrás de boss, sem o mínimo sentimento de justiça ao pai Joe. Ninja Gaiden II não irá com certeza ganhar o “Óscar” para melhor argumento, mas não é disso que vocês andam atrás, ou é?
Ninja Gaiden II prima pela excelência dos controlos, jogabilidade divinal e… dificuldade acrescida. Mesmo o jogador mais experiente irá cansar-se de ver ecrãs de "Game Over" consecutivos. Frustrante? Sem dúvida, se tivermos em linha de conta que para além do modo mais acessível, existem mais três modos de dificuldade.
Se pensam que os criadores de Ninja Gaiden II aproveitaram esta segunda jornada para aperfeiçoarem os pontos menos bons da primeira, esqueçam. A câmara continua incompreensivelmente fora do ângulo dos combates, principalmente quando nos encontramos junto às paredes. Numa tentativa de visualização do festival de sangue que estamos a dar, muitas vezes somos incapacitados de fazê-lo, acabando por sermos atingidos não sabendo por onde, nem de que maneira. A única hipótese, que nem sempre é bem sucedida, é premir o gatilho direito que puxa a câmara directamente para o ângulo de visão frontal de Ryu. Nos combates com os bosses, podem focar o mesmo com o premir do RB (Bumper Direito), o que poderá facilitar de certa forma o campo de visão... ou não.
Atendendo aos pedidos dos fãs, Itagaki decidiu colocar Save Points (ou na linguagem de NG2, Statues of the Earth Dragon), com maior frequência ao longo do jogo, assim como o bem-vindo sistema regenerativo (à la Halo). Mas não pensem que este sistema regenere após alguns segundos sem lutar. A vossa barra de saúde enche assim que tiverem desfeito todos os inimigos do ecrã.
E por falar em ecrã, no canto inferior direito agora será possível acederem a quase todo o vosso arsenal, incluindo:
Itens:
- Herb of Spiritual Life – Cura uma pequena quantidade de saúde;
- Grains of Spiritual Life – Cura uma grande quantidade de saúde;
- Devil Way Mushroom – Restaura uma chama do Ki (para poderem utilizar Ninpos).
Melee Weapons:
- Dragon Sword - A espada do dragão. Arma inicial e principal que prova o seu poder ao longo do jogo, atingido o seu auge quando reunida com o Eye of the Dragon. Quantidade de níveis evolutivos: 3.
- Vigoorian Flail - Uma espécie de Nunchaku, ou em português, matracas, que é bastante rápida, movimentada em torno de Ryu, protegendo-o, constituída por duas lâminas em cada ponta. Quantidade de níveis evolutivos: 3.
- Tonfa - Uma poderosa arma de artes marciais. Quantidade de níveis evolutivos: 3.
- Eclipse Scythe - Um machado gigante, similar ao Warhammer ou Dabilahro (NG1), mas mais poderoso que estes dois. Quantidade de níveis evolutivos: 3.
- Blade of the Archfiend - A Dragon Sword e a Blade of the Archifiend usadas em conjunto. Quantidade de níveis evolutivos: 4.
- Kusari-gama - Um pouco difícil de controlar, esta arma é altamente poderosa, e é constituída por uma espécie de foice na ponta, manuseada com uma corrente de metal. Quantidade de níveis evolutivos: 3.
- Falcon's Talons - Garras para os pés e mãos, que fazem parecer Ryu, o "Wolverine dos ninjas". Quantidade de níveis evolutivos: 3.
- Lunar Staff - Dispensa apresentações, pois também esteve na primeira edição de NG. Um bastão muito poderoso. Quantidade de níveis evolutivos: 3.
- Dragon's Claw and Tiger's Fang - Arma inicial antes da Blade of the Archfiend, que como ela, também funciona em par, duas espadas japonesas. Quantidade de níveis evolutivos: 3.
Projectile Weapons:
- Shuriken – Espécie de estrelas que podem ser lançadas contra inimigos a longa distância, assim como para bloquear possíveis ataques. Utilização ilimitada.
- Incendiary Shuriken – Lâmina com explosivos que explodem alguns segundos depois de lançados. Podem carregar convosco 15.
- Fiend’s Bane Bow – Arco de setas. Podem carregar 30.
Ninpo:
- The Art of the Inferno – Converte o Ki de Ryu em chamas mortais. Desta vez podem escolher os alvos que querem ver arder (apenas no terceiro nível de evolução).
- The Art of the Wind Blades – Converte o Ki de Ryu em lâminas de vento cortantes. O mesmo se aplica aqui em relação ao terceiro nível de evolução.
- The Art of the Piercing Void – Permite a Ryu apontar e lançar um buraco negro contra os seus inimigos.
- The Art of the Flame Phoenix – Protege Ryu com espíritos Fénix.
Os pormenores interessantes que poderão usufruir no jogo são vários, entre eles o sacudir da arma. Depois de um combate tenebroso, irão ficar com a vossa arma ensanguentada, pelo que podem sacudi-la, arremessando o sangue para o chão. Sempre que são atingidos pelos inimigos, a vossa barra de saúde sofrerá, mantendo-se uma mancha vermelha extensível, que não deixa que regenere completamente, apenas sendo curada com poções.
Muramasa está de volta, mas desta vez com uma loja mais pobre. Apenas vende regeneradores de saúde e Ki, armas projécteis e evolui armas. A moeda de Ninja Gaiden II, tal como o primeiro, é a essência amarela deixada pelos cadáveres dos seus inimigos, ou que é encontrada em vasos ou em quase tudo que seja destrutível. A essência azul regenere uma certa quantidade de saúde, enquanto que a vermelha acende as chamas de Ki.
Ainda em relação ao que podem encontrar nos cenários, as Life of the Gods azuis (que cada vez que coleccionam nove, a vossa barra de saúde aumenta ligeiramente) estão de volta, assim como as Spirit of the Devil vermelhas (que basta encontrarem uma para aumentar o Ki, surgindo mais uma chama por baixo da barra de saúde) e as Jewel of the Demon Seal roxas (que aumenta o nível das Ninpos).
Sempre que derrotam inimigos, ganham Karma, dependendo das vossas habilidades de luta. Quanto mais combos e golpes avançados fizerem, melhor será o vosso Karma. No final de cada capítulo (14 na totalidade), é-vos mostrado o Karma adquirido, resultado da soma das mortes que fazem, essência adquirida, Ninpos restantes e tempo jogado. Poderão comparar o vosso Karma com o dos vossos amigos, fazendo upload do mesmo no final de cada capítulo.
O Ninja Cinema foi uma das novidades presente em NGII, mas infelizmente não foi bem implementado. Gravar vídeos das nossas lutas e partilhá-los com a comunidade poderia ser interessante se… não fosse exclusivo. Sim, "exclusivo pros". Apenas as primeiras posições das Leaderboards podem fazer upload das suas aptidões para o Xbox Live.
Injusto. Quem não gostava de mostrar como derrotou um boss a um amigo, ou de mostrar as suas proezas ao mundo? Para além deste inconveniente, o Ninja Cinema traz outro “senão”. Sempre que estão a gravar um vídeo, existe uma quebra de framerate e a jobabilidade torna-se mais lenta quando estão muitos inimigos no ecrã. Ao longo do jogo verificam-se também muitos “loadings”, que embora sejam por segundos, tendem a quebrar a acção.
Em contrapartida, um dos pontos fortes do jogo é o suporte de vários inimigos no ecrã. Há situações no jogo em que irão ficar rodeados de inimigos, sem saberem para onde se virar, e é nestas alturas em que armas como a minha preferida (Kusari-Gama) dão jeito, assim como os Ninpos.
Lembram-se de correr sobre a água no primeiro Ninja Gaiden? Neste também podem fazê-lo, ainda com mais facilidade. Se estiverem dentro de água e quiserem ir até determinado sítio distante (ou mesmo próximo), basta carregarem no A repetidamente, que Ryu salta para fora da água e desata a correr, ao contrário do primeiro, em que só conseguiam correr quando estavam na margem.
E já que falamos em impossibilidades, nesta versão de Gaiden, Ryu já não precisa de botijas de oxigénio nem de “guelrachos” para respirar debaixo de água, uma vez que não existe barra de oxigénio, ou seja, podem nadar debaixo de água permanentemente.
Os bosses de Ninja Gaiden II são muitos (pelo menos um em cada capítulo), e podem aparecer aos pares... Enquanto que alguns deles são simples de aniquilar, outros são complexos, difíceis e até frustrantes para quem tem pouca paciência.
Os bosses podem ser derrotados mais facilmente, bastando escolhermos a arma a que são mais vulneráveis. Aproveitando, claro está, o vasto leque de opções que temos, não será difícil encontrar uma que resulte melhor.
As Obliterations (também conhecido noutros jogos por fatalities), são do melhor para a nossa vista. Premindo o botão Y, Ryu finaliza o seu inimigo das mais diversas formas, sendo que decapitar é o seu forte. Combos e mais combos, variadas conforme o nível da arma, mostram que não faltou imaginação e criatividade no desenvolvimento do jogo.
Se depois daquele confronto com um ninja de capacidade lutadora equivalente à vossa, no primeiro Gaiden, esperam encontrar um multiplayer online completamente revolucionador, repleto de ninjas contra ninjas... desenganem-se. Não há multiplayer nesta sequela. A todos desse lado que ficaram desapontados (incluam-me na lista), vamos pensar que Itagaki (como me chegaram a dizer), demitiu-se da Tecmo por causa da pressão que fizeram para que lançasse o jogo sem o mesmo estar completamente finalizado. Ele tinha em mente incluir o multiplayer, de certeza...
A par do multiplayer, os gráficos também são uma característica muito venerada pela maior parte dos jogadores. Digamos que os gráficos deste NG2 não são nada que já não estivéssemos habituados. A título de simplificação, os gráficos traduzem-se em gráficos do primeiro NG, mas em alta-definição. As cut-scenes estão fabulosas. Para os mais pervertidos, existe nudez em NG2, nos capítulos finais. Uma cut-scene embebida de muito sangue e sensualidade de uma Greater Fiend. Simplesmente divinal (não sou pervertido!).
Ninja Gaiden II é um jogo repleto de sangue, acção e estilo. Os fãs não vão com certeza perder esta pérola videojogável, que simplesmente é o melhor jogo actual do seu género. Os jogadores que fugiram do primeiro capítulo devido à sua dificuldade exagerada, encontram neste um jogo mais acessível, mas que não foge mesmo assim ao hardcore. Com um visual muito gore, este jogo deixar-vos-á sem repiração. Para quem estava habituado a 16 capítulos do primeiro, vai ficar com um "soube-me a pouco" deste NG. Constituído por 14 capítulos de uma hora de duração, cada um (em média), irão ficar viciados e com vontade de passarem novamente o jogo nas dificuldades restantes, para desbloquearem fatos, gamerpics, etc.
Aproveitem bem a despedida de Ninja Gaiden, e vamos torcer para que Itagaki alcance novos horizontes com a sua saída da Tecmo.
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