[center]Anda, salta-me em cima e faz-me em três. Trepa, João, o meu pé-de-feijão. Chega-te à janela – “Queres casar comigo?” e eu mergulho contigo no caldeirão. Lambo-te as botas, gato emproado, amo-te para onde quer que me leves. Eu, bela, curiosa, formosa e segura, no castelo do monstro, no chão da casa feita de massapão, no emaranho do bosque, ou pelos céus de Londres a caminho do nunca (e não digas que não queres, que te cresce o nariz). Escondo-me por detrás do capuz e finjo ignorar-te, lobo esfaimado, ao cruzar a floresta, ao cruzar-me contigo. Crava-me aos solavancos numa abóbora com rodas puxada a ratos, depois da meia-noite. Reduz-te em mim, e eu faço-te a cama e o jantar, e trinco a maçã, pico-me na roca e durmo cem anos, para que me beijes a boca sem eu poder dizer não. Invertamos os papéis e as proporções, eu, polegarzinha, que guardas no bolso, levas para casa e brincas no banho. E, por minutos, num reino longínquo de fantasia, sejamos reais e felizes para sempre.[/center]